Epilepsia

A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por uma predisposição permanente do cérebro em gerar crises epiléticas. Essas crises podem ter consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. Para diagnosticar um paciente como portador de epilepsia, é necessário que tenha ocorrido pelo menos uma crise epilética.

As crises epiléticas são a ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas decorrentes de descargas elétricas anormais no cérebro. Nem todas as crises são iguais. Além das convulsões (crises tônico-clônicas), existem outras manifestações, como alterações de comportamento, olhar parado, movimentos automáticos e repetição de palavras ou frases.

Ter uma convulsão não significa automaticamente ter epilepsia. O diagnóstico de epilepsia é feito após a ocorrência de pelo menos duas crises epilépticas não provocadas ou crises reflexas.

Abordaremos a seguir alguns tipos de epilepsia.

Epilepsia Refratária

A epilepsia refratária, também conhecida como epilepsia de difícil controle ou farmacorresistente, é uma condição neurológica caracterizada pela persistência de crises epilépticas, mesmo após o uso adequado de dois ou mais medicamentos antiepilépticos. Essa condição afeta a qualidade de vida dos pacientes, pois as crises continuam a ocorrer de forma frequente e imprevisível.

As causas da epilepsia refratária são variadas e podem incluir fatores genéticos, lesões cerebrais, anormalidades congênitas, tumores ou infecções cerebrais. Além disso, fatores como estresse e falta de sono podem agravar a condição. Cada caso é único e requer uma abordagem personalizada para o tratamento.

Os sintomas da epilepsia refratária são semelhantes aos da epilepsia comum, mas com maior frequência e intensidade. Entre os sintomas mais comuns estão:

– Convulsões frequentes
– Perda de consciência
– Tremores
– Rigidez muscular
– Alterações sensoriais
– Olhar fixo
– Confusão
– Perda de memória
– Comportamentos estranhos
– Contrações musculares aleatórias

O diagnóstico da epilepsia refratária é feito com base em critérios clínicos e exames complementares. Inicialmente, um eletroencefalograma (EEG) é realizado para confirmar a presença de crises epilépticas. Exames de imagem, como a ressonância magnética, podem ser necessários para detectar alterações estruturais no cérebro.

Embora a epilepsia refratária não tenha cura definitiva, existem várias opções de tratamento que podem ajudar a controlar as crises e melhorar a qualidade de vida dos pacientes:

1. Medicamentos Antiepilépticos: A combinação de diferentes medicamentos pode ser necessária para tentar controlar as crises.

2. Terapias Dietéticas: Dietas como a cetogênica têm mostrado eficácia em alguns casos.

3. Cirurgia Cerebral: Em casos selecionados, a cirurgia pode ser uma opção para remover a área do cérebro onde as crises se originam.

4. Estimulação do Nervo Vago: Um dispositivo implantado no corpo pode ajudar a reduzir a frequência das crises.

A epilepsia refratária pode ter um impacto profundo na vida dos pacientes, afetando sua capacidade de trabalhar, estudar e realizar atividades diárias. O suporte psicológico e social é essencial para ajudar os pacientes a lidar com os desafios da condição.

A epilepsia refratária é uma condição complexa que requer uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento. Com o avanço das pesquisas e das opções terapêuticas, há esperança de que os pacientes possam alcançar uma melhor qualidade de vida e controle das crises.

Epilepsia Autoimune em Adultos

A epilepsia autoimune é uma condição neurológica rara em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente as células cerebrais, resultando em convulsões. Esta forma de epilepsia pode ser desafiadora de diagnosticar e tratar devido à sua natureza complexa e à variedade de sintomas que pode apresentar.

A epilepsia autoimune ocorre quando o sistema imunológico identifica erroneamente componentes do cérebro como ameaças e produz anticorpos que atacam essas células. Esses anticorpos podem estar associados a várias condições autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide, ou podem surgir sem uma causa subjacente clara. Os anticorpos mais comuns associados à epilepsia autoimune incluem aqueles que atacam os receptores NMDA, LGI1 e GAD65.

Os sintomas da epilepsia autoimune podem variar amplamente, mas geralmente incluem:

– Convulsões frequentes e de difícil controle
– Problemas de memória
– Alterações de personalidade e comportamento, como paranoia e depressão
– Alucinações
– Declínio cognitivo progressivo

O diagnóstico da epilepsia autoimune envolve uma combinação de avaliação clínica, exames de imagem, como ressonância magnética, e testes laboratoriais para detectar a presença de autoanticorpos no sangue ou no líquido cefalorraquidiano. Em alguns casos, um teste terapêutico com imunoterapia pode ser utilizado tanto para diagnóstico quanto para tratamento.

O tratamento da epilepsia autoimune geralmente envolve:

1. Medicamentos Antiepilépticos: Para controlar as convulsões.
2. Imunoterapia: Uso de medicamentos imunossupressores ou imunomoduladores para reduzir a resposta autoimune.
3. Terapias Adjuvantes: Como a terapia ocupacional e a fisioterapia para ajudar na reabilitação cognitiva e física. O suporte psicológico e social é crucial para ajudar os pacientes a lidar com os desafios emocionais e práticos da condição.

A epilepsia autoimune é uma condição complexa que requer um diagnóstico preciso e um tratamento abrangente. Com o avanço das pesquisas e das opções terapêuticas, há esperança de que os pacientes possam alcançar uma melhor qualidade de vida e controle das crises.

Epilepsia Adquirida ou Secundária

A epilepsia adquirida, também conhecida como epilepsia secundária, refere-se a casos em que a condição epiléptica se desenvolve após uma causa específica, como lesões cerebrais, infecções ou outras condições médicas.

Causas

1.Traumas Cranianos: Lesões cerebrais devido a traumatismos podem levar ao desenvolvimento de epilepsia secundária.
2. Infecções: Algumas infecções, como encefalite ou meningite, podem afetar o cérebro e desencadear crises epilépticas.
3. Doenças Neurológicas: Diversas condições neurológicas, como esclerose múltipla, tumores cerebrais ou acidente vascular cerebral (AVC), podem estar associadas à epilepsia secundária.
4. Distúrbios Metabólicos: Algumas doenças metabólicas raras herdadas, também podem causar epilepsia secundária.

Sintomas de Epilepsia

1. Convulsões: As convulsões são o sintoma mais característico da epilepsia. Elas podem se manifestar como contrações violentas e involuntárias dos músculos.
2. Rigidez Muscular: Principalmente nos braços, pernas e tórax.
3. Salivação Excessiva.
4. Incontinência Urinária e/ou Fecal.
5. Confusão Mental.
6. Fala Imperceptível.
7. Morder a Língua e Ranger os Dentes.

O diagnóstico da epilepsia adquirida é realizado por um neurologista. O médico avalia os sintomas das crises convulsivas, histórico clínico e realiza exames físicos e neurológicos. Exames complementares, como eletroencefalograma, tomografia de crânio e ressonância magnética do cérebro, ajudam a determinar a causa das convulsões e a região cerebral afetada.

O tratamento da epilepsia adquirida visa controlar a atividade cerebral e prevenir novas crises convulsivas. Geralmente, são utilizados remédios anticonvulsivantes prescritos pelo médico. Em alguns casos, pode ser necessário considerar neuroestimulação ou até mesmo cirurgia para tratar a causa subjacente.

O diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para lidar com a epilepsia adquirida.

Epilepsia Noturna

A epilepsia noturna é um tipo de epilepsia caracterizada por crises que ocorrem principalmente durante o sono. Essas crises podem variar desde convulsões generalizadas até movimentos involuntários mais sutis, como espasmos musculares ou movimentos oculares rápidos.

Causas:

   – Predisposição Genética: Pessoas com histórico familiar de epilepsia têm maior probabilidade de desenvolver convulsões durante o sono.
   – Desequilíbrios Químicos no Cérebro: Alterações na atividade anormal dos neurônios durante o sono podem desencadear convulsões.
   – Lesões Cerebrais: Traumas, infecções ou outras condições podem contribuir para a epilepsia noturna.
  – Distúrbios do Sono: Mudanças nos padrões de sono, falta de sono ou estresse podem desencadear crises.

As crises podem variar em intensidade e duração. Durante o sono, o paciente pode apresentar convulsões, movimentos bruscos ou espasmos musculares. A epilepsia noturna pode afetar a qualidade do sono e causar sonolência diurna. O paciente pode também não se recordar dos eventos. Embora raro a morte súbita inesperada (sudep) decorrente de crises noturnas é possível se doença não adequadamente tratada.

O diagnóstico é feito através de Eletroencefalograma e Polissonografia.

Tratamento:

   – Clonazepam e outros Benzodiazepínicos: É um medicamento antiepiléptico eficaz no controle das convulsões noturnas. Ajuda a melhorar a qualidade do sono.
   – Outros Medicamentos Antiepilépticos: Dependendo do quadro clínico, outros medicamentos podem ser prescritos.
   – Terapia Comportamental: Estratégias para melhorar o sono e reduzir o estresse.
   – Estilo de Vida: Evitar álcool, drogas e manter um padrão regular de sono.

A epilepsia noturna pode ser controlada com tratamento adequado.

Todas as condições acima descritas devem ser acompanhadas por neurologista. Estamos a disposição para qualquer dúvida ou esclarecimento.

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