Enxaqueca

A migranea, conhecida como enxaqueca é uma cefaleia primária episódica e crônica que afeta muitas pessoas em todo o mundo, em especial as mulheres. Dependendo da intensidade da enxaqueca, ela pode afetar a vida profissional e pessoal do enxaquecoso.
Embora frequente, os pacientes com cefaleias recorrentes levam 05 anos para procurar um médico por dor de cabeça e 11 anos para procurar um especialista. Isso contribui para a cronificação da enxaqueca.
A enxaqueca é caracterizada por dores de cabeça recorrentes que geralmente duram de 4 a 72 horas. Os sintomas incluem: Dor unilateral e pulsátil na cabeça, Náuseas e, às vezes, vômitos, Sensibilidade à luz, som ou odores, e Auras (em cerca de 25% dos pacientes), que são sintomas neurológicos transitórios, geralmente visuais, que ocorrem antes da cefaleia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca atinge em torno de 15% da população mundial. Só no Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas sofrendo com essa doença.
Nos Estados Unidos, a enxaqueca afeta 18% das mulheres e 6% dos homens em um período de um ano.
A enxaqueca é cerca de duas a três vezes mais comum em mulheres que em homens e sua frequência na população tanto mundial quanto brasileira está em torno dos 12-15%.
A condição geralmente começa durante a puberdade ou no início da idade adulta e pode diminuir após os 50 anos.
Dentre todos os indivíduos que possuem enxaqueca, a grande maioria apresenta (70-80%) enxaqueca sem aura e cerca de 20-30% apresentam enxaqueca com aura.
As causas da enxaqueca ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenhem um papel importante. A enxaqueca possui também relação muito grande com o estilo de vida – sedentarismo, tabagismo, obesidade, alimentação inadequada, transtornos do humor (depressão e ansiedade) e alterações orofaciais (disfunção temporomandibular).
Vários fatores chamados de gatilhos podem desencadear enxaquecas, incluindo: Ingestão de vinho tinto, Jejum prolongado, Estímulos aferentes em excesso, como luzes brilhantes ou odores fortes, Alterações climáticas, Estresse, Fatores hormonais, especialmente durante a menstruação, entre outros.
O diagnóstico é clínico, com base nos sintomas. O tratamento inclui medicamentos profilaticos e de resgate, quando crises de dor.
O tratamento da enxaqueca é multifacetado e pode envolver uma combinação de medicamentos, terapias não farmacológicas e mudanças no estilo de vida. Analgésicos e medicamentos específicos para enxaqueca podem ser prescritos para aliviar a dor e controlar os sintomas durante as crises.
Importante salientar que quando a dor é frequente o tratamento não basta ser apenas na hora da dor. O tratamento medicamentoso preventivo é crucial para reduzir a frequência e a gravidade das crises de enxaquecas. Ele ajuda a melhorar a qualidade de vida, minimizando os impactos negativos da dor e dos sintomas associados. Os tratamentos preventivos estão indicados quando crises incapacitantes ou mais que três episódios ao mês. Diversos medicamentos podem ser usados no tratamento profilatico.
Além disso, a identificação e evitação dos gatilhos conhecidos podem ajudar a reduzir a frequência e a gravidade das crises.
A prevenção envolve: Modificações no estilo de vida, como ajustes nos hábitos de sono e dieta e prevenir fatores deflagrafores de crises. A adoção de um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares, técnicas de relaxamento e gerenciamento do estresse, pode desempenhar um papel crucial na prevenção e no controle da enxaqueca.
Cada paciente precisa ter o seu tratamento personalizado, deve-se fazer um planejamento terapêutico em cada consulta.
Um outro cuidado que sempre deve ser lembrado é que pessoas portadoras de enxaqueca com aura possuem risco de complicações vasculares maior que aqueles sem aura e que a população sem enxaqueca. E também precisam ser orientados no sentido de investigar doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.
Lembre-se de que em casos de dor frequente é importante procurar um neurologista para acompanhamento e tratamento da enxaqueca. Com o tratamento adequado e a adoção de estratégias de autocuidado, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas que sofrem de enxaqueca.
Recomendações alimentares para pacientes com enxaqueca:
1. Priorize Alimentos Anti-Inflamatórios e Calmantes:
- Consuma alimentos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que ajudam a combater a enxaqueca;
- Inclua frutas frescas, leguminosas e vegetais frescos;
- Prefira carnes magras como frango, ovos, peru e tofu e peixes frescos como tilápia, truta, salmão, sardinha, namorado ou robalo;
- Experimente tubérculos como batata, batata-doce, batata-baroa ou inhame;
- Chás de gengibre e erva-cidreira também possuem funções relaxantes e anti-inflamatórias.
2. Evite Alimentos Desencadeadores: Alguns alimentos podem desencadear crises de enxaqueca e devem ser evitados:
- Bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e champagne;
- Alimentos com cafeína, como café, chocolate, chá verde, chá mate e chá preto e refrigerantes a base de cola;
- Ácidos e Cítricos;
- Chocolate;
- Carnes embutidas ou defumados como salsicha, salame, mortadela e presunto;
- Alimentos fermentados;
- Oleaginosas como nozes, amêndoas, avelã e amendoim;
- Leites e derivados, especialmente os curados e processados, como queijo parmesão, muçarela, brie e gouda.
3. Hidratação Adequada:
- Beba pelo menos 1,5 litros de água por dia para evitar a desidratação, que também pode estar associada às crises de enxaqueca.
Não recomenda-se entretanto uma dieta restritiva por conta da enxaqueca. Verifique quais alimentos precipitam em você a dor e evite-os. Lembre-se de que cada pessoa pode reagir de forma diferente aos alimentos, portanto, é importante observar como seu corpo responde e adaptar a dieta conforme necessário.