Classificações da Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer
A doença do córtex cerebral foi apresentada em 1906 pelo psiquiatra alemão Aloysius Alzheimer (1864-1915) durante um congresso científico na Alemanha. Para a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a data é uma oportunidade para sensibilizar a população, as entidades públicas e privadas de saúde, bem como os profissionais da área, para essa doença que acomete mais de 1,2 milhão de brasileiros.
Caracterizada como uma doença degenerativa, progressiva e irreversível, o Alzheimer não tem cura, mas pode ser tratado a fim de amenizar os sintomas. A doença afeta a memória, a fala e a noção de espaço e tempo do paciente, podendo provocar apatia, delírios e, em alguns casos, comportamento agressivo.
Um dos primeiros sintomas é a perda de memória para fatos recentes. Depois, ocorre a desorientação quanto a lugares e datas e mudanças de humor e comportamento – irritabilidade e agressividade. Na fase avançada, a pessoa pode ter alucinações, dificuldade na fala e na alimentação. Além disso, pode não reconhecer mais os familiares e tornar-se totalmente dependente.
Em geral, a doença de Alzheimer afeta pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início por volta dos 50 anos. As causas da doença não são totalmente conhecidas e alguns estudos citam fatores importantes para o desenvolvimento da doença, como: pré-disposição genética, escolaridade, hipertensão, diabetes mellitus, Acidente Vascular Cerebral (AVC) prévio, colesterol aumentado e idade avançada.
O diagnóstico é clínico e feito por meio de entrevista (história de vida, clínica, familiar, idade, escolaridade), teste cognitivo (miniexame do estado mental, teste do relógio, teste de fluência verbal), e, posteriormente, por exames laboratoriais (hemograma completo, hormônios tireoidianos, enzimas hepáticas) e de imagem (tomografia, ressonância magnética).
Até o momento, não existe cura para a Doença de Alzheimer. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma melhor qualidade de vida, mesmo na fase grave da doença. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independente nas atividades da vida diária por mais tempo. Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.
As vantagens e as desvantagens de cada medicação e o modo de administração devem ser discutidas com o médico que acompanha o paciente. Os efeitos positivos, que visam à melhoria ou à estabilização, foram demonstrados para a cognição, o comportamento e a funcionalidade, porém, a resposta ao tratamento é individual e muito variada.
Há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva.
O tratamento não farmacológico engloba os seguintes aspectos: estimulação cognitiva, estimulação social, estimulação física, organização do ambiente e tratamentos para problemas específicos.
A cada etapa da doença, profissionais especializados podem ser indicados para minimizar problemas e orientar a família, com o objetivo de favorecer a superação de perdas e enfrentar o processo de adoecimento, mantendo a qualidade de contato e relacionamento.
Fases da Doença de Alzheimer
Quando pensamos nas fases específicas da Doença de Alzheimer, existem diferentes abordagens na literatura.
Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e o Comprometimento Comportamental Leve
O Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) e o Comprometimento Comportamental Leve são condições que, em alguns casos, antecedem a Doença de Alzheimer. Vamos entender cada um deles:
- Comprometimento Cognitivo Leve (CCL): O CCL é caracterizado por uma perda discreta de memória, não demencial, que pode ser entendida como um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência. Pessoas com CCL podem apresentar esquecimento de atividades diárias além de desaprender sobre temas que antes dominavam. Esse comprometimento cognitivo pode ser causado por diversos fatores, desde estresse, depressão até processos iniciais da doença de Alzheimer. A avaliação diagnóstica envolve exames clínicos e testes específicos para medir a capacidade de memória do paciente.
- Comprometimento Comportamental Leve: O comprometimento comportamental leve refere-se a alterações no comportamento e na personalidade que podem ocorrer antes da demência. Sintomas incluem agitação, agressividade, humor depressivo e outros comportamentos atípicos. Essas mudanças podem afetar a qualidade de vida do paciente e de seus cuidadores.
Relação com a Doença de Alzheimer: Embora nem todos os casos de CCL ou comprometimento comportamental leve evoluam para Alzheimer, muitos pacientes com Alzheimer tiveram algum tipo de comprometimento cognitivo prévio. Essas condições servem como alerta para a possibilidade de desenvolvimento de demência, incluindo a doença de Alzheimer.
O CCL e o comprometimento comportamental leve são estágios que merecem atenção e avaliação especializada. A prevenção e o acompanhamento neurológico são essenciais para identificar e tratar precocemente essas alterações.
Outras Classificações
Quando a doença está estabelecida podemos usar 2 formas de classificação:
4 Fases
- Fase Leve: Começa com esquecimentos sutis, que podem ser confundidos com sinais normais de envelhecimento. Sintomas nos primeiros 4 anos incluem dificuldades para aprender coisas novas, problemas de memória recorrentes (como esquecer datas ou nomes) e falta de orientação no tempo e espaço.
- Fase Intermediária: Duração variável, mas geralmente de 1 a 3 anos. Sintomas incluem dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia.
- Fase Avançada: Pode durar de 8 a 12 anos. Resistência à execução de tarefas diárias.
- Fase Terminal: Última fase, com declínio acentuado das funções cognitivas e físicas.
7 Fases
A Escala Funcional de Avaliação Rápida (FAST) é uma ferramenta usada para avaliar a progressão da doença em pacientes com Alzheimer. Ela divide a evolução da doença em 7 estágios, com base na capacidade funcional do paciente:
- Estágio 1 – Adulto Normal: Indivíduos sem declínio cognitivo ou funcional.
- Estágio 2 – Adulto Anciano Normal: Esquecimento normal associado ao envelhecimento.
- Estágio 3 – Demência Precoce: Início dos sintomas de demência, como dificuldade em lembrar eventos recentes.
- Estágio 4 – Demência Leve: Dificuldade em realizar tarefas complexas e lembrar fatos pessoais.
- Estágio 5 – Demência de Estágio Médio: Resistência à execução de tarefas diárias.
- Estágio 6 – Demência Moderadamente Grave: Dependência significativa para atividades básicas.
- Estágio 7 – Demência Grave (Estágios Finais): Declínio acentuado das funções cognitivas e físicas.
Lembrando que cada paciente é único, e a duração de cada fase pode variar. O acompanhamento médico é essencial para entender e lidar com a evolução da doença. Muitos são os profissionais que cuidam de pessoas com Doença de Alzheimer. Procure um neurologista para avaliação e tratamento.