Acidente Vascular Cerebral (AVC) em Jovens e Acidente Vascular Cerebral Maligno

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo jovens. A forma mais grave de AVC isquêmico chama-se Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Maligno. Ambos apresentam peculiaridades e merecem ser descritos de forma separada neste blog.
Vamos conhecer melhor um pouco estas condições:
- Acidente Vascular Cerebral em Jovens
Podem ser de 2 tipos:
- AVC Isquêmico (AVCI): O AVC isquêmico é o tipo de acidente vascular cerebral (AVC) mais comum em jovens, representando cerca de 86% dos casos em pessoas com menos de 50 anos. Ocorre quando um coágulo bloqueia uma artéria cerebral, privando o cérebro de oxigênio e nutrientes.
- AVC Hemorrágico (AVCH): Menos frequente, mas mais grave. Resulta do rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, causando sangramento.
Causas em Jovens:
As causas em jovens precisam ser investigadas, sendo algumas destas condições mais prevalentes em jovens que em idosos.
- Aterotrombóticos: Cerca de 48,22% dos pacientes com AVCI apresentam fatores de risco como hipertensão arterial sistêmica (HAS), tabagismo, hipercolesterolemia, alcoolismo e diabetes. -Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): É a principal etiologia nos casos de AVCH. A pressão alta é um fator significativo. Jovens com hipertensão têm maior risco de AVC.
- Tabagismo: O uso do tabaco danifica os vasos sanguíneos e aumenta o risco de coágulos.
- Hipercolesterolemia: Níveis elevados de colesterol podem levar à formação de placas nas artérias.
- Diabetes: A doença afeta os vasos sanguíneos e aumenta o risco de coágulos.
- Alcoolismo: O consumo excessivo de álcool pode danificar os vasos sanguíneos.
- Doenças Cardíacas Congênitas: Anomalias cardíacas presentes desde o nascimento podem aumentar o risco de AVC. Forame oval patente, que é um “buraco” no coração que mistura sangue arterial e venoso.
- Dissecção de artérias do pescoço.
- Trombose Venosa Cerebral, que é uma trombose em veia do cérebro
- Enxaqueca com Aura: Alguns jovens com enxaqueca têm maior predisposição a AVC.
- Uso de Drogas Ilícitas: O consumo de drogas como cocaína pode desencadear um AVC. Em 32% dos casos, a causa não é determinada.
- Trombofilias: São doenças genéticas ou auto imunes que formam trombos espontaneamente.
Os sintomas são semelhantes aos de outros AVCs, incluindo fraqueza, dificuldade na fala, dormência, tontura e perda de coordenação.
A investigação de um AVC em jovens deve ser minuciosa e incluir estudos de imagem, hematológicos, cardiológicos e por vezes arteriográficos.
O tratamento apresenta algumas diferenças em relação ao tratamento convencional, pois conforme a causa terapias diferentes podem ser implementadas, tais como tratamentos de doenças cardíacas e de coagulação.
2. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Maligno
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também pode ter diferentes formas e gravidades. O AVC Isquêmico Maligno é uma variante de maior gravidade que requer atenção imediata, que se caracteriza por um edema cerebral significativo, que pode causar desvios e herniações.
O AVC isquêmico maligno ocorre quando há uma obstrução significativa em uma artéria cerebral, resultando em uma área extensa de tecido cerebral privado de oxigênio e nutrientes. Geralmente está relacionada a obstrução na artéria carótida ou na artéria cerebral média. Essa condição é grave e pode levar a danos irreversíveis no cérebro, pois edema pode causar deterioração da consciência, aumento da pressão intracraniana e desvio das estruturas da linha média, levando a morte cerebral.
Entre 1% e 10% dos casos de isquemia cerebral supratentorial são de AVC isquêmico maligno.
Os sintomas são semelhantes aos de outros AVCs, incluindo fraqueza, dificuldade na fala, dormência, tontura e perda de coordenação. No caso do AVC isquêmico maligno, esses sintomas podem ser mais intensos e persistentes.
O tratamento apresenta algumas diferenças em relação ao tratamento convencional. A descompressão cirúrgica é uma das terapias que pode trazer benefícios para os desfechos clínicos.
- Terapia Trombolítica: O tratamento com medicamentos trombolíticos visa dissolver o coágulo que está obstruindo a circulação cerebral. É crucial iniciar esse tratamento dentro das primeiras 4,5 horas após o início dos sintomas.
- Trombectomia ou terapia Endovascular: medida para aspiração do trombo.
- A craniectomia descompressiva é uma intervenção cirúrgica que pode ser indicada para tratar a elevação da Pressão Intracraniana (PIC) refratária à terapêutica médica. Essa cirurgia está indicada precocemente, até 48 horas após o início dos sintomas, para reduzir a mortalidade e melhorar o prognóstico funcional. Durante a craniectomia descompressiva, parte da calota craniana é removida para aliviar a pressão no cérebro. Isso permite que o tecido cerebral inchado se expanda, reduzindo o risco de herniação cerebral.
- Osmoterapia (manitol ou cloreto de sódio hipertônico). Elevação da cabeceira a 30 graus. Controle da temperatura, glicemia, tensão arterial e volume intravascular. Sedação e internamento em unidade de AVC ou unidade de cuidados intensivos.
- Endarterectomia Carotídea: Em alguns casos, a cirurgia para remover placas de gordura das artérias carótidas pode ser necessária.
- Angioplastia e Stent: Esses procedimentos podem ser realizados para abrir as artérias obstruídas.
- Reabilitação: Após o tratamento agudo, a reabilitação é fundamental para recuperar a função cerebrl e a mobilidade.
O AVC isquêmico maligno é uma doença grave, com uma taxa de mortalidade de até 78%.
Conclusão:
Ao primeiro sinal de AVC, é crucial buscar atendimento médico imediatamente. Não espere para ver se os sintomas melhoram por conta própria. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para minimizar os danos cerebrais.
No hospital este paciente será avaliado por um neurologista e provavelmente será internado em unidades de terapia intensiva. Nesta fase inicial e também após a alta procure um neurologista para adequada investigação e tratamento. O tratamento por um especialista aumenta a chance de melhores resultados e menos sequelas neurológicas.