Como ajudar alguém durante uma crise convulsiva ?

A crise convulsiva ou convulsão ocorre devido a um aumento desordenado da atividade elétrica das células cerebrais, os neurônios. Esta atividade elétrica alterada, é em muito dos casos, o causador  das alterações motoras de uma crise convulsiva, caracterizada por movimentos desordenados, repetitivos e rápidos de todo o corpo. Além disto, a convulsão também pode ocasionar perda temporária de consciência, aumento da salivação, ranger de dentes, perda do controle do processo urinário e evacuação.

As crises convulsivas nem sempre estão associadas com a epilepsia, pois diversos fatores podem desencadeá-la tais como: febre alta; diminuição do açúcar no sangue; desidratação; febre alta; pancadas fortes na cabeça; perda excessiva de sangue; tumores; intoxicações por álcool, medicamentos ou drogas ilícitas, e outros fatores…

Não é incomum as pessoas se assustarem ao se depararem com alguém tendo uma crise convulsiva e, em função disto, sentem medo em auxiliar. No entanto, para aquele que sofre a convulsão a ajuda é de extrema importância, visto que durante o processo convulsivo o risco de lesões em decorrência da perda brusca ou muito rápida da consciência pode ocasionar queda desprotegida ao chão, o que pode gerar ferimentos e fraturas.

A crise convulsiva não é um processo contagioso ou transmissível, sendo assim, não há qualquer risco para aquele que auxilia um indivíduo nesta condição.

Existem vários tipos de crise convulsiva. A maneira de ajudar uma pessoa durante a crise depende do tipo de crise. Nas próximas postagens mostraremos as diferenças entre cada uma e o que fazer para ajudar alguém em uma crise.

Como ajudar alguém durante uma crise convulsiva. Crise convulsiva focal (parcial complexa, psicomotora, lobo temporal)

São crises que afetam apenas uma parte do cérebro, com manifestação clínica variável de acordo com a região que foi acometida.

Nas crises epilépticas focais sem alteração do nível de consciência, o paciente pode sentir um “aviso”, que pode ser diferente em cada pessoa. Nestes casos, o paciente pode ficar desconfortável ou assustado.

Habitualmente estas crises são autolimitadas, durando em torno de 2 minutos. Caso a crise persista por mais de 5 minutos, seja seguida de nova crise sem completa recuperação, ou a respiração do paciente pareça dificultosa, faz-se necessário atendimento médico de urgência, pois podemos estar diante de uma condição grave.

As manifestações sem alteração do nível de consciência costumam ser breves, durando entre segundos e alguns minutos. Alguns pacientes podem parecer distantes, confusos, apresentar olhar fixo, fala desconexa e movimentos automáticos.

Os sinais mais comuns são: Mal-estar na boca do estômago; Sensações não usuais de medo; e Manifestações sensitivas (como formigamentos) ou motoras (como repuxamentos) de um lado ou outro do corpo.

Nas crises focais com alteração do nível de consciência, o paciente pode apresentar avisos iniciais, e na sequência pode parecer distante, confuso, agir de maneira anormal, e ter comprometimento da fala. Os sinais mais comuns são: Olhar fixo; e Movimentos mastigatórios e movimentos automáticos com as mãos (como por exemplo pegar objetos repetidamente).

Como ajudar alguém em uma crise convulsiva focal

  1. Mantenha se calmo e acalme as pessoas ao redor. Permaneça com o paciente e se possível peça ajuda médica.
  2. Certifique-se com um relógio quanto tempo a crise está demorando.
  3. Gentilmente afastar o paciente de qualquer condição potencialmente perigosa (como por exemplo caminhar em direção à rua), conversando com ele de maneira calma e gentil, sem restringir ativamente suas ações. Como ele está confuso, pode interpretar de maneira equivocada e ficar agressivo.
  4. Permaneça com o paciente até recuperação. O paciente pode se sentir cansado e preferir dormir. Reassegure que ficará tudo bem, relembre onde ele está e mantenha-se por perto, ofegante auxílio para chamar um familiar. Algumas crises podem iniciar de maneira focal (iniciando com um “aviso”) e depois se espalhar por todo o cérebro, apresentando abalos tônico-clônicos bilaterais. Observe a duração da crise convulsiva, caso seja superior a 5 minutos sem sinais de melhora, peça ajuda médica (Samu 192).

Como ajudar alguém durante uma crise convulsiva. Crise epiléptica generalizada tônico-clonica (grande mal)

São crises que afetam o cérebro como um todo e acontecem sem aviso significativo.

As clássicas crises de ausência fazem parte deste grupo. Nestas crises o paciente fica imóvel, com olhar fixo, “ausente” por alguns segundos, e não atento ao que está acontecendo à sua volta.

Crises tônicas ou atônicas são alterações súbitas do tônus muscular, com o paciente ficando rígido ou perdendo tônus, resultando em quedas. Apesar de habitualmente retomarem a consciência rapidamente, muitas vezes há ferimentos associados.

As convulsões propriamente ditas são compostas por uma fase tônica em que o paciente fica com a musculatura rígida, seguida de uma fase clônica, com abalos musculares difusos. Estas crises, chamadas de tônico-clônico generalizadas, podem ser assustadoras ao olhar, e merecem atenção especial.

Como ajudar alguém em uma crise convulsiva generalizada tônico-clônica

  1. Mantenha-se calmo e acalme as pessoas ao seu redor e se possível peça ajuda médica;
  2. Evite que a pessoa caia bruscamente ao chão, coloque-o deitado;
  3. Certifique-se (com um relógio) de quanto tempo a crise está durando;
  4. Afrouxe um pouco as roupas para que a pessoa respire melhor;
  5. Acomode o indivíduo em local sem objetos dos quais ela pode se debater e se machucar. Apenas mova a pessoa se estiver em um local perigoso e afaste objetos que possam machucar (como móveis);
  6. Utilize material macio para acomodar a cabeça do individuo, como por exemplo; um travesseiro, casaco dobrado ou outro material disponível que seja macio;
  7. Não contenha ou restrinja movimentos, pois as contrações podem provocar traumas, nem coloque nada dentro da boca do paciente (não se preocupe, ele não vai engolir a língua, e tentar puxá-la pode gerar ferimentos adicionais, além de poder mordê-lo).  Não jogue água ou ofereça medicamentos (risco de engasgo, salvo orientação médica) ou ofereça odores fortes no nariz.
  8. Apos término dos abalos ou se alimento ou secreção oral em paciente desacordado posicione o indivíduo de lado (na posição de recuperação) de forma que o excesso de saliva ou vômito (pode ocorrer em alguns casos) escorram para fora da boca;
  9. Permaneça ao lado da vítima até que ela recupere a consciência;
  10. Ao término da convulsão a pessoa poderá se sentir cansada e confusa, explique o que ocorreu e ofereça auxílio para chamar um familiar.
  11.  Se a respiração parecer ruidosa ou difícil, cheque se não há nada obstruindo a passagem do ar (como secreções).
  12. Habitualmente estas crises são autolimitadas, durando em torno de 2 minutos. Caso a crise persista por mais de 5 minutos, seja seguida de nova crise sem completa recuperação da consciência, ou a respiração do paciente pareça dificultosa, faz-se necessário atendimento médico de urgência, pois podemos estar diante de uma condição grave. Também contactar emergência (Samu 192) se houver trauma, o paciente estiver doente, for gestante, se a crise ocorreu na água ou foi primeira crise.

Saber como agir durante uma crise convulsiva é fundamental para proteger a vida e a saúde da pessoa afetada. Espalhe essas informações para que mais pessoas estejam preparadas para lidar com emergências dessa natureza. Com conhecimento e empatia, podemos fazer a diferença.

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